MG – Mister Colibri pode ter sigilo bancário quebrado
Polícia Civil, Polícia Federal e Ministério Público de Minas Gerais se reúnem hoje para definir as ações conjuntas na investigação sobre a empresa Mister Colibri, suspeita de pirâmide financeira e dos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Entre as medidas, deverá ser definido o pedido de quebra dos sigilos fiscal e bancário dos representantes legais da empresa.
Na tarde desta última terça-feira, a Polícia Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata, cumpriu mandados de busca e apreensão no escritório de um dos associados da Mister Colibri. Foram apreendidos cheques, promissórias, documentos e artigos de luxo, como relógios, perfumes e bolsas – tudo sem nota fiscal. O material foi enviado para Belo Horizonte para perícia.
Segundo Rogério de Melo, um dos delegados que comandam a investigação, o próximo passo será “identificar os bens dos responsáveis para tentar ressarcir as pessoas que foram lesadas”. Como não há registro legal das transações, a polícia não sabe o tamanho do prejuízo causado. Um cálculo preliminar indica que o rombo é milionário. Segundo os próprios integrantes da Mister Colibri, são mais de 130 mil associados no país. Cada um deles precisou comprar, no mínimo, uma cota de R$ 600 para entrar no sistema, portanto o rombo parte de R$ 78 milhões. Como vários membros compraram cotas ‘premiun’, de até R$ 25 mil, o prejuízo pode ser muito maior.
Esquema.
As atividades suspeitas da Mister Colibri foram abordadas em matéria de O TEMPO do dia 8 de junho. À época, a matéria se baseou em críticas enviadas por usuários à redação do jornal. Eles reclamavam da falta de transparência da empresa, que prometia ganhos muito acima dos oferecidos pelas instituições financeiras do mercado.
As denúncias também indicavam ligações suspeitas entre a Mister Colibri e a Seven Rings International, já investigada por crimes financeiros na Ásia e na Europa.
A matéria causou reação do fundador da empresa no Brasil, Gian Piero Di Cillo, que visitou a redação do jornal acompanhado de quatro advogados e questionando pontos da matéria, ma sem dizer ao certo como seria a natureza do negócio.
Após a visita foi realizada uma segunda matéria, publicada no dia 26 de junho, com uma entrevista, realizada por e-mail, com Di Cillo. Mesmo com os vários questionamentos feitos sobre a atividade da empresa e sobre as fontes de receita, muitas dúvidas continuaram sem esclarecimentos.
Em função da grande repercussão causada pelas matérias sobre o assunto, dezenas de membros da Mister Colibri passaram a entrar em contato sistematicamente com a redação do jornal reclamando das atitudes da empresa. Num primeiro momento, bastava comprar uma cota de R$ 600 e assistir a um minuto e meio de propaganda para ter uma remuneração semanal, em dinheiro, de R$ 40. Depois, o dinheiro foi substituído por uma moeda virtual, o LP (sigla para Loyalty Points ou pontos de lealdade), que poderia ser trocada após um período de carência. Em seguida, os LPs não poderiam mais ser trocados, pois seriam usados como descontos para compras em site de e-commerce, que seria lançado. Todas as mudanças foram feitas sem consulta aos associados.
Os advogados do escritório cearense Alberto V. Carapeba, que atende à Mister Colibri, não retornaram as ligações e nem responderam aos e-mails da reportagem ontem. Gian Piero Di Cillo, que na visita ao jornal deixou um cartão com seu telefone celular pessoal, não atendeu as ligações.
Fonte; Jornal O Tempo